sexta-feira, 18 de março de 2011

Nove horas da tarde!

Em 15 de março de 2011:
Ela ainda é muito preocupada com as questões da temporalidade. Muitas vezes se esquece de que o tempo não existe e de que muitas vezes é uma questão de ponto de vista. Mas quiçá, ela lembre por toda a vida que em uma noite de fevereiro alguém se lembrou dela olhando para luzes coloridas no céu.
Espero que algum dia essa lembrança não seja esquecida ou manchada por uma dessas decepções banais que os outros nos causam.
Que ela se lembre que quando duas almas se encontram e o contato é verdadeiro, não importam distâncias.
Uma vez gostar, é sempre gostar.
O momento não. O momento passa. Tenho problemas com o ato. Só uma vez para mim não basta. Uma vez, é nunca ter acontecido. Sinto que com ela o mesmo ocorre.

Mas às vezes precisamos ser maior que o ato.
Às vezes precisamos ter treze anos.
Às vezes temos que admitir a nós mesmos que são nove horas da tarde.

E acho que às vezes, ela não sabe o quanto seu reflexo fica belo quando seu rosto se expõe às luzes da noite.
Mas existem inúmeras quartas-feiras pela frente.


E para ele, também.


Em 18 de março de 2011:
Quiçá ela se lembre da insegurança de não ter uma resposta na sua mensagem de celular, ou só dali há 15 minutos. Ou talvez de não entender o motivo da aparente frieza. Ou da falta de cortesia no retorno ao lar sem acompanhante.
Quiçá ela se lembre da frustração de não saber, de não ter notícias para entender os motivos do outro. Para não sentir o desamparo.
Quiçá ela tenha coragem, um dia, de assumir o quão decepcionada ficou. Consigo. Com o outro. Com o não.

Mas, quiçá ela se lembre por toda a vida que alguém lembrou-se dela enquanto via luzes no céu e apreciou o pôr-do-sol numa tarde fria no fim de março.
Quiçá ela se lembre o quão fácil foi desfrutar da companhia sem ter que se esforçar para ter assunto, para sorrir ou se calar. Unidos, talvez, pela vista espetacular.
Quiçá ela se lembre dos olhares furtivos pelo canto dos olhos, dos risos abafados pelas rajadas de vento ou das histórias compartilhadas sem julgamentos.
Quiçá ela se lembre que isso não significa amor, ilusão, nem decepção, mas vida. Que os riscos que acontecem ao cruzar com alguém são os naturais: explosões. De afinidade, de alegria, de cumplicidade, de curiosidade, de impulsividade, de silêncio.
Quiçá ela consiga transformar suas lembranças em algo digno de se lembrar.

E o resto? Ah, o que importa o resto?

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